quinta-feira, 5 de novembro de 2009


"O ser humano dualmente se atrai e teme o desconhecido, aquilo que de alguma forma lhe parece novo. Em outras palavras, algumas fronteiras de conhecimento e a imprevisibilidade daquilo que se manifesta diante de seus sentidos, mesmo que estes não captem toda a plenitude de uma manifestação cósmica maior e todas suas interações e origem, lhe causa medo e excitação simultaneamente, mesmo que em níveis distintos.
Religião, neurociência, genética, cosmologia, mecânica quântica, física nuclear e de partículas elementares e a filosofia como um todo são alguns dos canais de interação entre corpo, mente, inteligência, tempo, espaço e, de forma mais sutil, a alma, nossa verdadeira existência e identidade. Todavia, é interessante notar como estes caminhos geralmente não se comunicam entre si para atingir um objetivo de fato verdadeiro e atemporal, uma energia/conhecimento sublime que conclui, satisfaz e transcende todas as limitações e receios e que pouco a pouco nos capacita a saborear o grande néctar pelo qual sempre ansiamos, mesmo que inconscientemente. O que nos separa disto é nossa atual ignorância e o que pode nos levar a tal é a pureza, o desejo, a inteligência, a ação persistente e o despertar da atratividade natural adormecida que temos, em última análise, pela nossa verdadeira origem, a fonte de tudo que é concebível e inconcebível, Krsna.
Ao longo do tempo a ciência tem se mostrado como algo que se baseia naquilo que pode ser experimentado e reproduzido de forma sistemática em qualidade e quantidade a partir de teorias e observações da natureza, ou seja, de algo que já existe e não é percebido. Essa sistemática acarreta a existência de limites muito específicos e imediatos que devem ser superados com o emprego da razão. Entretanto, a razão humana apresenta muitas dificuldades e imperfeições nesses objetivos. O medo mencionado no início é um dos fatores limitantes, bem como a ignorância e o ego. Da escala subnuclear até a astronômica existem muitas idéias, resultados de interações, energias e níveis de ação e consciência. Da mesma forma que estão presentes na ciência, a vontade, o objetivo, o método e o caminho também estão presentes na busca espiritual. Assim, é possível que usemos nossa dinâmica natural para buscar compreender, purificar e avançar os limites e diferenças entre razão, sentimento, corpo, conhecimento e espírito.
Os caminhos acima mencionados podem sim se complementar e construir uma sólida ponte a ser percorrida com um passo de cada vez, pois religião sem filosofia e ciência constitui tendência ao fanatismo limitante e filosofia e ciência sem religião e busca das relações espirituais inerentes são mera especulação mental. Poucas pessoas na sociedade e no meio científico reconhecem ou se propõem a reconhecer que os virtuosismos da chamada razão pura são limitados na ação do tempo e do espaço. A história está repleta de provas que uma ação humana específica perde seu efeito no tempo.
Se cada um de nós pode fazer escolhas, então façamos as boas escolhas agora mesmo”.